Este
artigo tem o intuito de demonstrar a importância da conscientização
dos empresários brasileiros, no sentido de que se comprometam com a
mudança educacional de seus colaboradores. Sendo assim, eles devem
buscar novas práticas educacionais e empresariais que valorizem os
relacionamentos entre Capital e Trabalho e compartilhem de ideias,
reflexões críticas, práticas sociais e ações políticas de seus
colaboradores no meio social em que vivem. Vale ressaltar que para
Freire (1994), “o homem tem vocação ontológica de ser um sujeito
que age sobre o mundo e o transforma, por isso, todo ser humano é
capaz de olhar criticamente o mundo num encontro dialógico com
outros, mas, para isso, é necessário que a educação atue ao
encontro desses pressupostos”. Conforme várias pesquisas
realizadas pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) nos
ultimos anos os problemas ocasionados pela deficiência da mão de
obra geram enormes dificuldades para vários setores da economia com
efeitos muitas vezes catastróficos.
As
empresas brasileiras em vários segmentos podem ser ineficientes e
onerosas no quesito produtividade devido à falta de mão de obra
qualificada. Para atingir os objetivos produtivos e qualificar seus
funcionários as empresas nacionais devem buscar através de modelos
educacionais
consolidados
em empresas de renome tais como: “Amil, Unimed, Banco do Brasil”
(RICARDO, 2007, p. 9).
Essas empresas colocaram em seus
modelos de gestão as denominadas Universidades Corporativas UCs,
onde desenvolvem programas de educação corporativa que tem como
objetivo “conceber programas de educação continuada e gerir o
desenvolvimento de competências dos colaboradores da empresa,
estendendo suas ações a clientes, fornecedores e comunidade”.
(idem, 2007, p. 9).
O
caminho a ser percorrido para que se consiga treinar e desenvolver
profissionais deve estar embasado na pedagogia empresarial, para que
assim, com uma base pedagógica se alcance o objetivo de melhorar as
competências dos profissionais, sanar as deficiências de mão de
obra qualificada, atender a demanda mercadológica e finalmente
conseguir transmitir aos seus funcionários métodos com que eles
desenvolvam um olhar
critico sobre os eventos que o cercam.
O mau desempenho na educação
formal pode ser uma das causas pelo qual, o Brasil não consegue
manter um nível de mão de obra qualificada que supra as
necessidades mercadológicas, o que interfere de forma negativa na
questão da competitividade das empresas brasileiras, mostrando que o
país pode perder sua competitividade no mercado mundial.
[...]
“É fundamental a interlocução com o empresariado brasileiro para
termos uma mudança significativa na maneira como a educação é
tratada, deixando de ser uma área de preocupação exclusiva de
educadores para ser uma área importante para o setor produtivo. Esse
evento faz parte de uma tomada de consciência e de um movimento de
esclarecimento de um setor econômico de peso no Brasil e dá origem
a uma série de outros movimentos. É um marco que o problema da
educação tenha entrado na agenda estratégica do Brasil e que só
sairá quando estiver resolvido.” IOSCHPE (2008).
Segundo Peter Drucker (1999, P.
198). [...] “Tradicionalmente a escola tem sido o lugar onde se
aprende; e o emprego o lugar onde se trabalha. Porém essa linha irá
se tornar cada vez mais indistinta. A escola será, cada vez mais, o
lugar onde adulto continuam a aprender, mesmo que trabalhem em tempo
integral. Eles voltarão à escola para um seminário de três dias,
para um curso de fim de semana, para um programa intensivo de três
semanas ou para frequentar cursos duas noites por semana, durante
vários anos, até obter seu diploma”.
Na busca de novas alternativas de
mudança de paradigmas os educadores devem procurar meios de se
adaptar aos novos métodos de ensino, educando seus alunos para busca
do sucesso empresarial e pessoal. Na entrevista abaixo fica claro as
dificuldades apresentadas pelo mau desempenho que a educação formal
tem provocado no mercado de trabalho, foi realizada no dia 18 de
novembro de 2011 em Brasília onde o Sr.Gustavo Ioschpe presidente da
G7 Investimentos concedeu à “Enfato” Comunicação Empresarial
com exclusividade ao site da MBC “Movimento Brasil Competitivo”.
[...]
“O mau desempenho na educação Interfere decisivamente porque
estamos em um cenário mundial onde as economias são cada_vez_mais
abertas e a diferenciação de competitividade se dá em termos de
produção de bens e serviços de alto valor agregado, que são
profundamente dependentes do capital humano. O Brasil, nos último 20
ou 30 anos, teve momentos de inércia e estagnação enquanto nos
outros países do mundo, principalmente nos mais desenvolvidos, houve
um movimento muito agressivo de qualificação das pessoas. Eles
entenderam que a capacitação das pessoas é fundamental para a
competitividade das empresas e dos países. Não vivemos mais em um
sistema em que o importante é o investimento em capital físico. A
questão da produtividade do país está profundamente associada com
a questão do ensino e a carência educacional brasileira já se
reflete na produtividade baixa do nosso trabalhador em relação aos
de países mais desenvolvidos. Hoje, você precisa de 4,5
trabalhadores brasileiros para produzir o mesmo que um americano ou
francês. Isso faz com que as empresas nacionais não consigam
competir em igualdade com as empresas estrangeiras. Muito se falam de
Custo Brasil, impostos, infraestrutura e câmbio, que são muito
importantes, mas, no momento em que essas questões, que são
relativamente mais simples, forem resolvidas, o Brasil não vai se
tornar um país desenvolvido porque ele tem uma grande defasagem de
pessoas”. IOSCHPE (2008).
Os profissionais voltados para
Pedagogia Empresarial devem investir para que o processo de gestão
focado no valor humano prevaleça, nesse sentido devem estabelecer em
seus projetos de treinamento o desenvolvimento humano e
consequentemente organizacional. Nesse sentido para que “as
empresas ajudem na construção de uma sociedade competitiva os
modelos de gestão devem valorizar seus talentos humanos e vejam
esses talentos como sendo seu principal investimento”. (KNAPIK,
2001).
Em consonância com a mudança
paradigmática que o mercado mundial nos impõe com a questão da
produtividade e do tecnicismo é necessário pensar que o principal
recurso econômico, de acordo com essa pesquisa, é o conhecimento
que qualifica e instruí o homem. O trabalhador do conhecimento não
será necessariamente aquele que opera um computador ou algum
equipamento sofisticado, mas aquele que transforma os dados
processados em beneficio para o cliente ou para a sociedade,
sobretudo o trabalhador que alem de conhecer e operar uma tecnologia
tenha comunicação e conscientização do conhecimento. Nesse
sentido a tecnologia será apenas uma ferramenta à disposição do
homem e não mais o elemento condicionador da atividade humana, no
entanto, os processos educacionais como forma de assimilar
conhecimentos específicos nas áreas profissionais e tecnológica se
faz necessário à medida que o mercado de trabalho exige maior
capacitação profissional. Com relação às inovações
tecnológicas e criatividade profissional o sujeito só evolui e
inova quando seus conhecimentos permitem que assim ele o faça. [...]
“sem sujeitos inovadores, não há inovação e, nesse aspecto, a
dimensão humana é a principal via inovadora; sujeitos inovadores
são criativos, portanto a criatividade é condição para inovação;
a criatividade é em boa parte, resultado de processos educativos que
ocorrem no âmbito da família, a escola e no ambiente de trabalho”
(SCHLEMM, 2006, p.39).
Para
(DRUCKER, 1999, p. 191) [...] “O primeiro impacto da nova
tecnologia de aprendizado será sobre a educação universal. Através
dos tempos as escolas em sua maioria, gastaram tempos intermináveis
tentando ensinar coisas que eram mais bem aprendidas do que
ensinadas, isto e, coisas que são aprendidas de forma comportamental
e por meio de exercícios, repetição e ‘feedback’’. Pertencem
a essa categoria todas as matérias ensinadas no primeiro grau, mas
também muitas daquelas ensinadas em estágios posteriores do
processo educacional. Elas podem ser mais bem aprendidas por meio de
programas de computadores. O professor motiva, dirige, incentiva. Na
verdade, ele passa a ser um líder e um recurso”.
Olhando a situação pelo ângulo
educacional o caminho a ser perseguido é a introdução de modelos
educacionais que possam mudar o quadro visto nas pesquisas
apresentadas, os caminhos apontados pelos educadores mostram que o
trabalho educacional deve estar focado no homem, para que ele busque
nesse contexto o conhecimento necessário a sua evolução não só
como ser humano, mas também com um ser que interage com o universo
que o cerca.
A educação baseada nos
pressupostos do educador Paulo Freire, que se relaciona com a
transformação do sujeito, pode contribuir no sentido de resgatar
sua criticidade, uma vez que foi enfraquecida pelas ações das
competições mercadológicas. Vale ressaltar que o homem, para
Freire (1987), tem uma vocação ontológica de ser sujeito que age
sobre o mundo e o transforma, mas, para isso, precisa de instrumentos
adequados que o torne consciente de sua própria percepção da
realidade para lidar criticamente com ela.
Ainda segundo o autor, um sujeito
ativo e responsável é um sujeito de práxis, de ação e reflexão
sobre seu mundo, que não pode ser compreendido fora de suas relações
dialéticas, alguém que é sujeito e não objeto. Nesta critica fica
a concepção da não validade de um processo educativo, onde o
“Empresariado” não tem o objetivo de permitir ao cidadão o
acesso a uma educação cognoscível, o “Funcionário” entra num
estágio de alienação, o que Freire chama de anestesia, pois inibe
o poder criador do “funcionário” (FREIRE, 1987).
Conforme
Chiavenato (2008), a cultura organizacional consiste em padrões
explícitos e implícitos de comportamentos adquiridos e transmitidos
ao longo do tempo que constituem uma característica própria de cada
empresa, nesse sentido, na busca de novas alternativas de mudança de
paradigmas, as empresas devem procurar meios de se adaptar aos novos
métodos de produção, educando e treinando seus colaboradores, para
dessa forma alcançar o sucesso empresarial, e as mudanças culturais
através de uma educação libertadora. Neste sentido terá em mãos
a ferramenta mais importante que é o ser humano educado, capaz de
criar conceitos para alçar voos cada vez mais altos. Ainda
segundo o autor, “por meio da sua cultura a empresa impõe aos seus
colaboradores expectativas e normas, condicionando-os dentro do
limite, dos padrões, crenças, valores, costumes e pratica social da
organização”. Idem (2008).
É interessante que as empresas
busquem formas que levem a aplicabilidade de novos conceitos
educacionais tais como as universidades corporativas.
[...] “A cada dia as empresas
investem mais na aprendizagem organizacional e inserem em suas
estruturas para realização dos programas de educação corporativa
as denominadas universidades corporativas (UC). Embora no Brasil
tenhamos percebido a expansão das UCs, em muitos países esta já é
uma realidade” (RICARDO, 2007, p.8) esses processos podem levar o
educando do futuro às práticas empresariais focadas no mundo
corporativo, como empresas que praticam estes modelos em seu programa
de treinamento podemos citar as [...] “As empresas estrangeiras
localizadas no Brasil investem em educação corporativa, cases de
sucesso como McDonald’s, Motorola e Fiat são enriquecedores, mais
é importante destacar que diversas empresas brasileiras já
desenvolvem atividades de educação corporativa, tais como Amil,
Unimed, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Cia Vale do Rido
Doce, Eletronorte, Petrobras, Rede Globo de Televisão, Telemar,
Embratel, entre outras tantas” (idem, pág. 9).
(JUNQUEIRA, TAVARES, 2009) [...]
“As novas exigências causam insegurança ao profissional que se vê
obrigado a apresentar resultados positivos, sem que sua condição de
trabalho e remuneração sejam compensadas. Por causa da precarização
do trabalho docente nas escolas públicas, mais e mais pedagogos vêm
procurando as organizações para oferecer seus serviços. As
empresas vêm adotando uma preparação interna de seus funcionários
para ocupar determinadas funções de liderança dentro das
organizações e para isso os treinamentos se fundamenta em conceitos
como o empirismo e o tecnicismo, a junção desses dois conceitos
tanto o saber fazer como a experiência em fazer deve ser
potencializada”.
Temos que enfocar formas que levam
a aplicabilidade de novos conceitos educacionais aos ambientes
corporativos a fim de que através desses processos possamos levar o
educando do futuro às práticas empresarias que garantam maior
competitividade, mostrando a importância educacional no âmbito
empresarial e evidenciar como educadores renomados podem contribuir
de maneira muito proficuas com suas experiências educacionais no
campo da pedagogia empresarial.
O
primeiro passo, para atender as necessidades de produção que atenda
a demanda cada vez maior e com maior grau de qualidade exige a
capacitação efetiva de seu grupo de profissionais, neste sentido
temos que ter a responsabilidade para buscarmos métodos educativos
que forneçam a capacitação necessária. Evidencia-se ao longo dos
últimos anos o quão fragmentado é a capacitação do profissional
que desenvolve trabalhos em empresas de pequeno e médio porte, o
acesso à informação é caro e distante, por esse motivo as
empresas têm a responsabilidade de reversão deste quadro
caótio
através de práticas educativas eficazes.
Referências
Bibliográficas;
RICARDO,
E. J. Gestão da educação corporativa. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2007. (Biblioteca Pearson).
KNAPIK,
Janete. Gestão de Pessoas e Talentos, 3ª Ed. Curitiba, Ibepx, 2011.
CHIAVENATO,
Idalberto. Os Novos Paradigmas: como as mudanças estão mexendo com
as empresas, 5ª ed., Barueri, SP, Ed. Manoele, 2008.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia do oprimido.
17ª
ed. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1987.
JUNQUEIRA,
Eliana Vieira, TAVARES, Helenice Maria, Pedagogia Empresarial: Uma
Função Técnica ou Ideológica? Disponível
em: <http://www.catolicaonline.com.br>
Acesso em 07 de abril de 2013
IOSCHPE,
Gustavo. “A capacitação das pessoas é fundamental para a
competitividade das empresas e dos países” Disponível
em http://www.mbc.org.br .
Acesso em 11de abril de 2013
DRUCKER,
Peter. Sociedade pós-capitalista, São Paulo: Publifolha, 1999.
CNI,
2013 > Disponível em <http://www.economia.terra.com.br>,
Falta de Mão de Obra qualificada afeta 65% das empresas, CNI, 2013 .
Acesso em 28 de Outubro de 2013.
SCHLEMM,
Marcos Mueller. Inovação em Ambientes Organizacionais, teorias,
reflexões e prática, Editora Ibpex, Curitiba – PR, 2006.
Autor:
Wagner Mendes Passos
Nenhum comentário:
Postar um comentário