domingo, 19 de novembro de 2017

PECADO OU FALTA DE ÉTICA?

Em uma manhã de domingo chuvoso e bastante preguiçoso olha, já começo cometendo “pecado”, (quando criança a preguiça era tida como pecado) vem me a mente a discussão do dia anterior nas redes sociais sobre um tema muito discutido pelos pensadores ao longo do tempo. O que vem a ser o “PECADO”? muitos foram os pensadores que debruçaram-se sobre o tema, selecionei para este pequeno artigo apenas alguns deles como referência sobre o assunto.
Como esta discussão requer um pensamento voltado para fé na tentativa de traze-lo para a razão começo nossa conversa resgatando um pouco do grande pensador contemporâneo Imannuel Kant 1724-1804.
Kant é famoso sobretudo pela elaboração do denominado idealismo transcendental: todos nós trazemos formas e conceitos a priori (aqueles que não vêm da experiência) para a experiência concreta do mundo, os quais seriam de outra forma impossíveis de determinar” (https://pt.wikipedia.org/wiki/Immanuel_Kant).
[…] O combate que todo homem moralmente bem intencionado deve vencer nesta vida sob a direção do princípio bom contra os ataques do princípio mau nenhuma vantagem maior lhe pode proporcionar, por muito que se esforce, do que a libertação do domínio deste último. Ser livre, “libertar-se da servidão sob a lei do pecado a fim de viver para a justiça”, tal é o ganho supremo que ele pode alcançar. Mas nem por isso deixa de estar sempre exposto aos assaltos do princípio do mal; e a fim de afirmar a sua liberdade, que é constantemente atacada, deve doravante manter-se sempre preparado para a luta. (KANT Edições 70, pg 99)
“Desta forma o triunfo sobre o mau teria a fundação de um reino de Deus na Terra”. (Idem)
Desta forma nos coloca de maneira sutil e racional que a responsabilidade de vencer o mau através do bem se faz através da tolerância ampla e irrestrita, só o respeito mútuo pode nos conduzir a condição de homens e mulheres livres e de bons costumes. Kant nos deixa um legado que o pecado nada mais e do que a transgressão das normas morais estabelecidas na sociedade, que independentemente de religiões devemos ser éticos ao ponto de combater o mau com a prática constante do bem.
[…] Em primeiro lugar, pretende ele que não é a observância de deveres civis externos ou de deveres eclesiais estatutários, mas apenas a pura intenção moral do coração, o que pode tornar o homem agradável a Deus (Mat V, 20-48); que, diante de Deus, o pecado em pensamento é considerado igual ao acto (V, 28) e que, em geral, a santidade é a meta a que o homem devem aspirar (V, 48); que, por exemplo, odiar no coração equivale a matar (V, 22); que uma injustiça feita ao próximo só pode ser reparada pela satisfação feita a ele mesmo, e não por ações cultuais (V, 24) e, quanto à veracidade, o meio civil de extorsão 59 , o juramento, causa antes dano ao respeito pela verdade (V, 34-37); que a propensão natural, mas má, do coração humano se deve totalmente inverter; que o doce sentimento da vingança se tem de converter em paciência (KANT Edições 70, pg 161).
Encontramos uma linha de pensamento muito esclarecedora em Leibniz, Wilhelm Leibniz 1646-1716 – Alemanha que foi polímata, cientista, matemático, diplomata e bibliotecário alemão. (Fim da Idade média, início da Idade Moderna).
[...] Também é necessário afirmar que Deus, como arquiteto, satisfaz em tudo para Deus, como Legislador, e isso, portanto, os pecados devem suportar sua pena pela ordem da natureza e da virtude, precisamente, da estrutura mecânica das coisas, e que as boas ações, da mesma forma, obterão suas recompensas por meios mecânicos em relação aos corpos, embora isso não possa e não deve acontecer sempre imediatamente.
([...] Finalmente, sob este governo perfeito, não haverá boa ação sem recompensa, nem má sem punição, e tudo deve convergem no bem do bem, isto é, daqueles que em nada estão descontentes neste grande estado, que dependem da providência, depois de ter cumprido o seu dever, e que amam e imitam, como é devido, o autor de todos os bens, entregando-se à consideração de suas perfeições de acordo com a natureza do verdadeiro amor puro. ( LEIBNIS, 1981, PAG. 155).
Observa-se neste pensamento uma grande relação entre causa e efeito, tudo o que fizer de mau retornará da mesma forma, ou seja se plantares sementes de tomates, colherá tomates e assim por diante. Percebe-se claramente que tudo caminha entre conceitos terrenos e transcendentais, o homem transporta toda sua angustia do bem e do mal, do permitido e do não permitido para o campo transcendental ou religioso com o objetivo final de ser perdoado pelos pecados ou erros cometidos, tem-se então que se não existisse perdão não existiria pecado.
Espera com todo ardor que exista um Juiz que irá lhe conceder o almejado perdão pelos pecados cometidos, e este juiz não pode ser humano, não tem valor, tem que ser um Juiz acima de tudo e de todos, e nesta angustiante necessidade de ser perdoado elege um “deus" para esta tarefa.
Vamos conhecer um pouco do pensamento de um grande empirista Francis Bacon, político, filosofo, ensaísta considerado o fundador da ciência moderna 1561-1626 (Idade Média).
[…] Pelo pecado o homem perdeu a inocência e o domínio das criaturas. Ambas as perdas podem ser reparadas, mesmo que em parte, ainda nesta vida; a primeira com a religião e com a fé, a segunda com as artes e com as ciências. Pois a maldição divina não tornou a criatura irreparavelmente rebelde; mas, em virtude daquele diploma: Comerás do pão com o suor de tua fronte, por meio de diversos trabalhos (certamente não pelas disputas ou pelas ociosas cerimônias mágicas), chega, enfim, ao homem, de alguma parte, o pão que é destinado aos usos da vida humana. (BACON, 2000, Pag. 202
Nota se no pensamento de Francis Bacon uma conotação religiosa sobre o pecado, deixando para trás as ideias da Idade Média e partindo para Idade Moderna (Renascentismo), começa surgir na época o culto a estética o homem afasta se gradualmente do conceito religioso da época sem se afastar de Deus e nesta condição coloca que o pecado pode ser revertido através da fé ou das artes e da ciência,
[…] Só então poderemos dizer ter colocado nas mãos dos homens, como justo e fiel tutor, as suas próprias fortunas, estando o intelecto emancipado e, por assim dizer, liberto da menoridade; daí, como necessária, segue-se a reforma do estado da humanidade, bem como a ampliação do seu poder sobre a natureza. (idem, pag. 202).
Evidentemente as citações lançadas no texto não nos dá uma reação clara a que Francis Bacon está se referindo para uma compreensão maior e melhor faz se necessário a leitura da obra como um todo, pois trata-se de uma obra que indica interpretação acerca da natureza.
Viajando para o mundo contemporâneo encontramos vários atores que debruçaram se no tema em questão, utilizarei um pouco do conhecimento do professor Álvaro L. M. Valsa particularmente do livro O que é Ética, filosofo contemporâneo enfático na História da Filosofia aborda temas de Kiekegaard, Socratismo, Nietzsche, Adorno.
[...] Voltemos ao exemplo da Idade Média. Ao redor do ano 1000, a relação incestuosa atingia até o sétimo grau. Casar com uma prima de até sétimo grau era um crime e um pecado. Mas, se a quase totalidade era analfabeta, como conhecer bem a árvore genealógica? O costume então era bastante matreiro: os nobres se casavam sem perguntar pela genealogia, e só se preocupavam com o incesto quando eventualmente desejassem dissolver o casamento, anulando-o. Não era difícil, então, conseguir um monge letrado ou mesmo testemunhas compradas, para demonstrar o impedimento e anular o casamento. Graças ao incesto, o nobre podia tentar várias vezes, até conseguir ganhar um filho homem, o que era, muitas vezes, a sua real preocupação, por causa da linhagem, do nome e da herança. (Vall, 1994, pag. 14)
Nota se ai uma conotação dos problemas da atualidade onde o poder dominante seja ele político ou privado ou aquele que pensa possuir o poder sobrepõe sobre o negro, o pobre, a mulher etc. na tentativa de alcançar algum ganho pessoal.
Quanto a pedofilia tão discutida na atualidade e normalmente em maior escala nos meio religiosos a crueldade mostra sua cara com todo seu horror e quando surpreendido pelas garras da lei, alega inocência, ou que não cometeu o delito. E tendo o poder ao seu lado normalmente é absolvido e caído no esquecimento. Isto porque os analfabetos de hoje são os mesmos de ontem, só evoluíram em espécie porém o intelecto vem se atrofiando com o passar dos anos.
[…] Todos sabem que as
Influências de uma certa visão religiosa, que não explicava bem o que entendia por carne (sinônimo de pecado), em muitas épocas foram responsáveis por um moralismo centrado nas questões do sexo. Quando, então, certos religiosos criticam o pansexualismo de um Freud, por exemplo, muitas vezes se esquecem de que eles mesmos, em sua moral,
Fizeram tudo girar ao redor desta questão, e geralmente numa perspectiva sectária que, mais do que cristã, era platônica no mau sentido da palavra. Esta identificação da moral com a preocupação com o sexo invadiu, porém, até as cabeças de gente não ligada à religião. (Valle, 1994, pag, 38) […] Finalmente confrontando o pensamento grego antigo com o cristão, Kierkegaard percebeu que para os gregos o pecado seria apenas ignorância. Para Sócrates e Platão, diz ele, o problema ético era, no fundo, um problema da teoria: a única coisa importante para o homem seria "conhecer o bem”, porque daí se seguiria necessariamente um "agir bem". Os gregos não compreendiam, então, que se pudesse fazer o mal, conhecendo o bem; de modo que o homem mau seria sempre (apenas) um ignorante, que poderia e deveria ser curado pela filosofia. (Idem, pag, 60)
Após as narativas de tão renomados pensadores podemos dizer que os conceitos de pecado no sentido religioso está contido no código de conduta moral definido em cada grupo religioso, tais como não realizar relações sexuais antes do casamento, união de pessoas do mesmo sexo, homossexualidade, etc.
No campo social fazer o mau em detrimento do bem é antiético, o que seria esta condição não respeito as normas estabelecidas pelo estado e vai por ai afora.
Quanto a falta de respeito ao próximo é uma questão de caráter, mesmo não concordando com as atitudes do outro tenho que repetia-las, como dizia Voltaire “Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até o último instante o teu direito de dizê-la.”

BIBLIOGRAFIAS:
Kant, Imannuel, A Religião nos Limites da Simples Razão, Ed, 70, Brasil

Leibniz, Monadología, Pentalfa, Oviedo 1981. Edición trilingüe. Introducción de Gustavo Bueno

Bacon, Francis, Novum Organum, Virtual Books Online M&M Editores Ltda.
MG

Valls, Álvaro L. M, O que é Ética, Edit. Brasiliese, 1994

Autor: Wagner Passos, Filosofo e pós graduado em Pedagogia Empresarial.











sábado, 12 de agosto de 2017

INTOLERÂNCIA OU ASSÉDIO MIDIÁTICO?

Observa-se em todos segmentos da sociedade a chamada intolerância, tão criticada pelos homens e mulheres de bem, hoje o ser humano após tantos anos de defesa do respeito a diversidade vemos as pessoas guerreando entre si em cima de pré conceitos infundados da intolerância na sua forma mais irrestrita possível.
Defende-se a liberdade do outro mas ao mesmo tempo critica-se este mesmo outro por pertencer a outra classe social, politica, religiosa ou econômica, como isto não se bastasse além de criticas diretas ou indiretas ocorre a agressão verbal e em muitos casos a agressão física.
Os estádios de futebol são verdadeiros palcos deste tipo de agressão, mas não para por ai, vemos este mesmo tipo de reação nos espaços públicos nas ruas nas cidades e em todos cantos deste imenso planeta chamado Terra. O que fazer para frearmos esta escalada de intolerâncias. Os religiosos dirão que estas atitudes é a falta de deus no coração, os políticos dirão que é a situação econômica de alguns países que levam a estas atitudes, os filósofos dirão que é o reflexo de uma sociedade doente, enfim cada um dará uma versão mais apropriada as suas avaliações.
[…] Nem todo preconceito gera uma discriminação. Mas toda discriminação parte de um preconceito. É necessário que estudemos os nossos preconceitos a fim de que eles não se transformem em discriminação. Pois, tudo o que o inferno significa está contido na palavra “discriminação” porque dela flui: a xenofobia, homofobia e todas as outras palavras usadas para conceituar o comportamento do indivíduo que não aceita as diferenças. Não aceita ao ponto de odiar aqueles a quem ele julga “diferentes”. (Portal Raízes, 11/08/17, www.contacts.google.com).
Como dizia Sartre: “o inferno são os outros” e, nós somos o inferno dos outros. Só quem vive feliz é “Robinson Crusoé até que sexta-feira chegue à sua ilha” ou alguém que vive numa praia deserta até que a sexta-feira chegue à sua praia. Viver em sociedade é uma negociação permanente e essa negociação é difícil e exaustiva, árdua em todos os sentidos. Mas como conciliar tudo isto já que vivemos numa sociedade de diferentes?. Penso que é cada vez mais o exercício da tolerância da compreensão, do respeito mútuo e do entendimento das opiniões do outro. Mas não da tolerância cantada em prosas e versos dos livros de auto-ajuda, e de tantos outros que tratam do assunto, esta característica tem que nascer no sentido do “puro dever” citado por Emanuel Kant, só e somente pelo puro dever entenderemos o amplo sentido da ética da moral e do respeito mutuo, para através destas virtudes termos a real oportunidade de sermos dignos da felicidade.
[...] Grande parte do que nós possuímos e que fazemos desde criança não é fruto da naturcía, mas sim da cultura. Essa é a característica mais destacável, aquela que mais distingue o homem dos animais e das plantas (MONDIM). É pelo processo cultural que o homem se aproxima uns dos outros, que muda essencialmente o mundo que o cerca, ora transformando em um mundo melhor, ora transformando em um mundo pior, mais sempre com a intenção de muda-lo para uma sociedade mais feliz. “Sem cultura não é possível existir nem a pessoa individualmente, nem o grupo social”.
Através da relação do homem em busca da Liberdade sabemos que o homem nasce livre e através da condição deste com a sociedade vai se comprometendo com o mundo e obrigatoriamente se afastando da condição de liberdade sendo determinado pelo aspectos da sociedade em que vive o que fica é a liberdade do intelecto, do conhecimento e da vontade.
[...] Na liberdade confluem as melhores energias do homem, que são o conhecimento e a vontade. O ato livre não é um ato cego, instintivo, mas é um ato de vontade iluminada pela razão. “Como disse São Tomás: o ato livre requer duas condições; o consilium ou o judicium que cabe ao intelecto e a electio, escolha, que pertence a verdade.(MONDIN).
Outra condição explorada refere-se a condição do espírito, esta condição é a que difere o homem dos demais animas e do reino vegetal esta é a condição que faz do homem aquele que tem a capacidade de interferir e mudar o que esta a sua volta nesse aspecto.
[…] Da espiritualidade do ser profundo do homem a que costumamos dar o nome de anima, existem muitos indícios: a autoconsciência, a reflexão, contemplação, o colóquio, a adoração, a auto transcendência etc.. (MONDIN) para o autor o espírito só espírito se é livre.
Radhacrishnan, máximo filósofo indiano do século XX, escreveu:
O verdadeiro humanismo nos ensina que existe no homem alguma coisa de maior do que aquilo que aparece à sua consciência ordinária, algo que gera ideias e pensamentos, uma presença espiritual mais sutil, que o torna insatisfeito de suas conquistas puramente terrenas (apud MONDIN).
A imagem de Deus “ O Homem é teomorfo” esses ensinamentos partem dos Padres da Igreja Escolástica seguindo as ideia de Platão e levada para Igreja Cristã através de Boaventura e São Tomás, onde trás que o homem é a imagem e semelhança de Deus definindo que o homem é um projeto uma obra acabada, sendo a maior obra de arte onde não encontra semelhança nos animais, nas plantas e nem mesmo nos astros.
O modelo, sobre o qual o homem deve decalcar o desenho da sua própria personalidade, não pode encontrá-lo nas criaturas inferiores: nem nas plantas, nem nos animais, nem nos astros. Nem mesmo no melhor dos outros homens, porque por mais que possa ser bom, inteligente, sábio, forte, santo, os homens são sempre dotados de uma humanidade imperfeita. De resto, a humanidade primitiva não pode avaliar-se pela exemplaridade de nenhum outro ser humano. O único modelo adequado à inspiração de infinitude do homem, encontra-se inscrito na própria espiritualidade.
A partir deste prisma o homem é visto através da sua dignidade de seu caráter, ou seja, de seus valores e esta condições coloca o ser humano no conceito pleno de valores absolutos, morais e éticos.Através dos conceitos aqui colocados relativos à cultura, liberdade, ao espírito, a relação imagem de Deus, e o valores absolutos onde colocamos (verdade, bondade, justiça, sabedoria, amor). O ser humano só pode ser considerado um ser humano verdadeiro, quando permite que essas condições de valores façam parte do se cotidiano, principalmente no que diz respeito ao amor ao próximo e se colocar sempre no lugar do outro quando da tomada de uma decisão.
Porém muito nos entristece quando vemos o homem dominado pelas mazelas do mundo contemporâneo onde só o revanchismo e a intolerância toma conta do mundo em que vivemos, não tendo olhos para as belezas dos conceitos aqui colocados.
Penso que só a verdade pode conduzir o homem para a certeza de algo concreto, nas várias modalidades. Pode se concluir que existem vários conceitos sobre a verdade, onde cada um tem sua razão de veracidade no contexto analisado, particularmente penso que a que mais se aproxima da realidade em que vivo.
Vivemos, em uma sociedade onde percebemos que é muito difícil o retrato fiel da verdade porque o bombardeio diário ocorre através da mídia, seja escrita, falada ou televisiva e consequentemente faz com que as pessoas acreditem que estão recebendo informações verdadeiras e confiáveis e muitas vezes de caráter intolerante ligados a política, a filosofia, as artes, a religião etc.. “Bastaria que durante uma semana, lesse de manhã quatro jornais diferentes, ouvisse três noticiários de rádio diferentes; a tarde frequentasse duas escolas diferentes, onde os mesmos cursos estariam sendo ministrados; e a noite visse os noticiários de quatro canais deferentes de televisão, para que comparando todas as informações recebidas, descobrissem que elas “não batem” uma com as outras, que há vários “mundos” e várias “sociedades” diferentes, dependendo da fonte de informação”.



Autor: Wagner Passos, Filosofo e pós graduado em Pedagogia Empresarial.

domingo, 23 de abril de 2017

PRÁTICA EDUCACIONAL VOLTADA AO MUNDO CORPORATIVO

As novas tecnologias ocorridas no cenário mundial provocaram mudanças significativas no perfil educacional, levando ao publico interessado alternativas de estudos até então não tão bem elaborados como o que ocorreram nos últimos anos. Levando em consideração que enquanto os cursos a distancia do passado tinham complicadores para chegar à casa dos educandos, pois o único meio de transmissão era através dos cursos por correspondência, com o advento das mídias atuais este modelos chegam online.
Os cursos à distância trouxeram um modo educacional mais eficaz proporcionando uma mudança sem precedentes no campo das instituições de ensino e porque não dizer também no comportamento do educando.
A literatura que pode auxiliar o profissional de educação a desenvolver suas propostas deve estar acompanhada de como vencer os novos desafios surgidos com a nova condição mercadológica.
Para ( DRUCKER, 1999) [...] “O primeiro impacto da nova tecnologia de aprendizado será sobre a educação universal. Através dos tempos as escolas, em sua maioria, gastaram tempos intermináveis tentando ensinar coisas que eram mais bem aprendidas do que ensinadas, isto é, coisas que são aprendidas de forma comportamental e por meio de exercícios, repetição e feedback. Pertencem a essa categoria todas as matérias ensinadas no primeiro grau, mas também muitas daquelas ensinadas em estágios posteriores do processo educacional. Elas podem ser mais bem aprendidas por meio de programas de computadores. O professor motiva, dirige, incentiva. Na verdade, ele passa a ser um líder e um recurso”.
As formas que levam a aplicabilidade de novos conceitos educacionais aos ambientes corporativos devem levar os educandos do futuro às praticas empresarias focadas no mundo corporativo.
(JUNQUEIRA, TAVARES, 2009) diz que:
[...] As novas exigências causam insegurança ao profissional que se vê obrigado a apresentar resultados positivos, sem que sua condição de trabalho e remuneração seja compensada. Por causa da precarização do trabalho docente nas escolas públicas, mais e mais pedagogos vem procurando as organizações para oferecer seus serviços. As empresas vêm adotando uma preparação interna de seus funcionários para ocupar determinadas funções de liderança e para isso os treinamentos se fundamentam em conceitos como o empirismo e o tecnicismo, a junção desses dois conceitos tanto o saber fazer como a experiência em fazer devem ser combinadas e potencializadas.
Segundo Peter Drucker, 1999 “a escola é a instituição onde se aprende e o trabalho onde se trabalha” o que pode se ver é que com o passar do tempo e com as necessidades impostas pelo mundo globalizado. [...] “A escola será, cada vez mais o lugar onde adultos continuam a aprender, mesmo que trabalhem em tempo integral. Eles voltarão à escola pra um seminário de três dias, para um curso de fim de semana, para um programa intensivo de três semanas ou para frequentar cursos duas noites por semana, durante vários anos, até obter seu diploma”.
Na busca de novas alternativas de mudança de paradigmas os educadores devem procurar meios de se adaptar aos novos métodos de ensino educando seus alunos para busca do sucesso empresarial e pessoal.
Muitos fatores contribuíram com as mudanças neste cenário, porém a rapidez da informação contribuiu largamente com o desenvolvimento cultural [...] Com a emergente Sociedade da Informação e da “Sociedade em Rede” novos espaços de aprendizagem vêm se estabelecendo a partir do acesso e do uso criativo das tecnologias de informação e comunicação, novas relações com o saber vêm se instituindo num processo hibrido entre humanos e técnicos tecendo teias complexas de relacionamentos e aprendizagem”. (RICARDO, 2007, p. 158).
Evidencia-se neste contexto a importância dos cursos e treinamentos que se têm oportunidade de acesso em várias áreas do saber proporcionada pelo ensino a distância [...] “a modalidade a distância se caracteriza como uma modalidade de educação que promove situações de aprendizagem em que professores e estudantes não compartilham os mesmos espaço e tempos curriculares, comuns nas situações de aprendizagem presencial” (idem, p.160).
As instituições de ensino bem como o pedagogo empresarial deve focar seus esforços no sentido de aprimorar seus conhecimentos, [...] O sucesso ou fracasso de um empreendimento educacional depende, dentre outros fatores, dos modelos adotados pela organização. Nas praticas do EAD esse processo não é diferente e exige do gestor e sua equipe posturas colaborativas e interdisciplinares capazes de agir com liderança e inovação. Visto que a capacidade de inovar é competência fundamental para que as pessoas e organizações sejam competitivas nos contextos formativos e profissionais na Sociedade da Informação” (idem, 2007, p.165).
O pedagogo empresarial deve possuir vasto conhecimento de métodos gerais sem negligenciar as novas técnicas didáticas desenvolvidas nos últimos anos, ou seja, apropriar de conhecimentos tecnológicos tais como; internet, técnica de ensino a distância e demais métodos que invadiram o campo do saber nas ultimas décadas. O docente deve estar em contínuo desenvolvimento de técnicas e métodos pedagógicos que o levem a prática e um ensino dinâmico e eficaz, deve possuir conhecimentos abrangentes e aplica-los de modo que o aluno possa desenvolver um processo de aprendizado centrado nos objetivos propostos através de conhecimentos que foram construídos ao longo da historia como é colocado na abordagem sociocultural. [...] O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar as capacidade critica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. Uma de suas tarefas primordiais é trabalhar com os educando a rigorosidade metódica com que deve se “aproximar” os objetos cognoscíveis. (FREIRE, 2002)
Conclui-se que o processo inovador será uma constante com o decorrer dos próximos anos, o mundo corporativo seja ele no mundo dos negócios, culturais, educacionais estarão mais voltados para o uso contínuo dos meios de comunicação, onde a internet será cada vez mais explorada e servirá de base para a divulgação e propagação cultural.
Os métodos educacionais tomaram forma mais pragmática e neste sentido as universidades estão se atualizando e buscando novos métodos de transmissão de conhecimentos e esses formatos estão sendo exploradas através do mundo midiático, principalmente da internet e das redes sócias. O avanço que a ciência tecnológica proporcionou ao longo das ultimas décadas tem proporcionando ao avanço educacional que revoluciona o conceito de ensino e aprendizagem.
A grande mudança no cotidiano das escolas surgiu com maior intensidade à medida que a educação a distância ganhou força em nosso país, embora este sistema já exista há algum tempo, foi com a introdução de ferramentas multimídias que se alcançou um espaço considerável na sociedade. [...] Os mais novos dados referentes à educação à distância no Brasil, publicados pela Abed (Anuário Brasileiro Estatístico) de Educação aberta e a Distância – Abraead, 2006 (apud, RICARDO, 2007), deixam claro que o setor produtivo brasileiro esta incorporando aprendizagem à distância com corpo e alma, estendendo a funcionários, gerentes executivos, clientes e fornecedores oportunidades para adquirir novos conhecimentos. (idem, 2007). Para atender este processo educacional os recursos que as escolas tiveram que introduzir em sua rotina vai desde softwares educacionais, como docentes treinados para fazer frente a este modelo.
Este processo teve que agregar investimentos em plataformas computacionais que de suporte a esta interação entre professores e alunos, tais como: correio eletrônico, chat, listas de discussão etc.
[...] A aquisição de tecnologia para instituições de ensino superior tornou-se fácil. Muitos softwares educacionais, de variados custos, estão disponíveis no mercado. Nota-se, porém, que a maior dificuldade consiste em determinar critérios válidos para a decisão e a escolha final, devido ao processo de integração dessa escolha com a base de dados já existente e suas interfaces. (RICARDO, 2007, p. 191).
interatividade: educação a distância com sucesso envolve interatividade entre professores, entre alunos e o ambiente de aprendizagem, e entre os estudantes;
Aprendizado ativo: como participantes ativos no processo de aprendizado, estudantes afetam a maneira pela qual lidam com o material a ser aprendido. Estudantes devem ter um senso de posse dos objetivos do aprendizado. Eles devem ser tanto prestativos como aptos a receber mensagens instrucionais. O esforço mental que o estudante investirá na tarefa aprendizado depende de sua percepção frente a dois fatos: a pertinência do meio e da mensagem contida no mesmo e sua habilidade em fazer algo significativo fora do material apresentado;
Imagens retóricas: visuais estimulantes podem distorcer o currículo por meio do desvio de atenção dos estudantes para as características provocativas e de entretenimento da apresentação em vez de encorajar análise interessantes sobre seu significado. Estudantes devem aprender a distinguir qual é a informação de qualidade e qual deve ser desprezada, identificar distorções e sensacionalismo, e distinguir fatos de persuasão;
Comunicação efetiva: começar os projetos com um conhecimento dos usuários-alvos, e reconhece-los como indivíduos cujos pontos de vistas podem ser diferentes. (RICARDO, 2007, p. 185, 186).
Neste cenário um maior investimento das universidades que incorporam em seu cotidiano métodos de educação focado na Educação a Distância, as empresas por sua vez iniciaram o processo de Universidades Corporativas com o intento de levar conhecimento aos seus funcionários com objetivo de ter equipes melhores preparadas para a competividade de mercado.
Surge no mercado oportunidade de cursos prontos [...] Existem no mercado inúmeros cursos já desenvolvidos no formato de e-learning, chamados de cursos de prateleira. Esses cursos abordam conhecimentos de domínio publico que podem ser adquiridos por qualquer empresa, desde que entenda que o material em questão possa contribuir com o desenvolvimento de seus funcionários. (RICARDO, 2007, P 130).

BIBLIOGRAFIAS:

RICARDO, Eleonora, Jorge, Educação Corporativa, cases, reflexões e ações em educação a distância, Ed. Pearson, São Paulo, 2007.
FREIRE, Paulo, Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa, Ed. Paz e Terra, 2002, RJ, Ed 25ª.
SCHMIDT, Eric, COHEN, Jared, A Nova Era Digital, Como será o futuro das pessoas e dos negócios, Ed. Intrínseca, Rio de Janeiro, RJ, 2013
DRUCKER, Peter, Sociedade pós-capitalista, Ed. Publifolha, , São Paulo, 1999. “Principalmente os capítulos 11 “A Escola Responsável, 12 “ A Pessoa Intruída”.
JUNQUEIRA, E. S. V.; TAVARES, H. M. Pedagogia Empresarial: uma função técnica ou ideológica? Disponível em: http://www.catolicaonline.com.br/revistadacatolica2/artigosv1n1/5_Pedagogia_empresarial.pdf>. Acesso em: 24 ago. de 2013
ARAÚJO, S.; CASTRO, A. M. D. A. Gestão educativa gerencial: superação do modelo burocrático?. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 19, n. 70, p. 81-106, jan./mar. 2011. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/ensaio/v19n70/v19n70a06.pdf>. Acesso em: 28 out. 2013