Observa-se
em todos segmentos da sociedade a chamada intolerância, tão
criticada pelos homens e mulheres de bem, hoje o ser humano após
tantos anos de defesa do respeito a diversidade vemos as pessoas
guerreando entre si em cima de pré conceitos infundados da
intolerância na sua forma mais irrestrita possível.
Defende-se
a liberdade do outro mas ao mesmo tempo critica-se este mesmo outro
por pertencer a outra classe social, politica, religiosa ou
econômica, como isto não se bastasse além de criticas diretas ou
indiretas ocorre a agressão verbal e em muitos casos a agressão
física.
Os
estádios de futebol são verdadeiros palcos deste tipo de agressão,
mas não para por ai, vemos este mesmo tipo de reação nos espaços
públicos nas ruas nas cidades e em todos cantos deste imenso planeta
chamado Terra. O que fazer para frearmos esta escalada de
intolerâncias. Os religiosos dirão que estas atitudes é a falta de
deus no coração, os políticos dirão que é a situação econômica
de alguns países que levam a estas atitudes, os filósofos dirão que
é o reflexo de uma sociedade doente, enfim cada um dará uma versão
mais apropriada as suas avaliações.
[…]
Nem todo preconceito gera uma discriminação. Mas toda discriminação
parte de um preconceito. É necessário que estudemos os nossos
preconceitos a fim de que eles não se transformem em discriminação.
Pois, tudo o que o inferno significa está contido na palavra
“discriminação” porque dela flui: a xenofobia, homofobia e
todas as outras palavras usadas para conceituar o comportamento do
indivíduo que não aceita as diferenças. Não aceita ao ponto de
odiar aqueles a quem ele julga “diferentes”. (Portal Raízes,
11/08/17, www.contacts.google.com).
Como
dizia Sartre: “o inferno são os outros” e, nós somos o inferno
dos outros. Só quem vive feliz é “Robinson Crusoé até que
sexta-feira chegue à sua ilha” ou alguém que vive numa praia
deserta até que a sexta-feira chegue à sua praia. Viver em sociedade
é uma negociação permanente e essa negociação é difícil e
exaustiva, árdua em todos os sentidos. Mas como conciliar tudo isto
já que vivemos numa sociedade de diferentes?. Penso que é cada vez
mais o exercício da tolerância da compreensão, do respeito mútuo
e do entendimento das opiniões do outro. Mas não da tolerância
cantada em prosas e versos dos livros de auto-ajuda, e de tantos
outros que tratam do assunto, esta característica tem que nascer no
sentido do “puro dever” citado por Emanuel Kant, só e somente
pelo puro dever entenderemos o amplo sentido da ética da moral e do
respeito mutuo, para através destas virtudes termos a real
oportunidade de sermos dignos da felicidade.
[...]
Grande parte do que nós possuímos e que fazemos desde criança não
é fruto da naturcía, mas sim da cultura. Essa é a característica
mais destacável, aquela que mais distingue o homem dos animais e das
plantas (MONDIM). É pelo processo cultural que o homem se aproxima
uns dos outros, que muda essencialmente o mundo que o cerca, ora
transformando em um mundo melhor, ora transformando em um mundo pior,
mais sempre com a intenção de muda-lo para uma sociedade mais
feliz. “Sem cultura não é possível existir nem a pessoa
individualmente, nem o grupo social”.
Através
da relação do homem em busca da Liberdade sabemos que o homem nasce
livre e através da condição deste com a sociedade vai se
comprometendo com o mundo e obrigatoriamente se afastando da condição
de liberdade sendo determinado pelo aspectos da sociedade em que vive
o que fica é a liberdade do intelecto, do conhecimento e da vontade.
[...]
Na liberdade confluem as melhores energias do homem, que são o
conhecimento e a vontade. O ato livre não é um ato cego,
instintivo, mas é um ato de vontade iluminada pela razão. “Como
disse São Tomás: o ato livre requer duas condições; o consilium
ou o judicium que cabe ao intelecto e a electio, escolha, que
pertence a verdade.(MONDIN).
Outra
condição explorada refere-se a condição do espírito, esta
condição é a que difere o homem dos demais animas e do reino
vegetal esta é a condição que faz do homem aquele que tem a
capacidade de interferir e mudar o que esta a sua volta nesse
aspecto.
[…]
Da espiritualidade do ser profundo do homem a que costumamos dar o
nome de anima, existem muitos indícios: a autoconsciência, a
reflexão, contemplação, o colóquio, a adoração, a auto
transcendência etc.. (MONDIN) para o autor o espírito só espírito
se é livre.
Radhacrishnan,
máximo filósofo indiano do século XX, escreveu:
O
verdadeiro humanismo nos ensina que existe no homem alguma coisa de
maior do que aquilo que aparece à sua consciência ordinária, algo
que gera ideias e pensamentos, uma presença espiritual mais sutil,
que o torna insatisfeito de suas conquistas puramente terrenas (apud
MONDIN).
A
imagem de Deus “ O Homem é teomorfo” esses ensinamentos partem
dos Padres da Igreja Escolástica seguindo as ideia de Platão e
levada para Igreja Cristã através de Boaventura e São Tomás, onde
trás que o homem é a imagem e semelhança de Deus definindo que o
homem é um projeto uma obra acabada, sendo a maior obra de arte onde
não encontra semelhança nos animais, nas plantas e nem mesmo nos
astros.
O
modelo, sobre o qual o homem deve decalcar o desenho da sua própria
personalidade, não pode encontrá-lo nas criaturas inferiores: nem
nas plantas, nem nos animais, nem nos astros. Nem mesmo no melhor dos
outros homens, porque por mais que possa ser bom, inteligente, sábio,
forte, santo, os homens são sempre dotados de uma humanidade
imperfeita. De resto, a humanidade primitiva não pode avaliar-se
pela exemplaridade de nenhum outro ser humano. O único modelo
adequado à inspiração de infinitude do homem, encontra-se inscrito
na própria espiritualidade.
A
partir deste prisma o homem é visto através da sua dignidade de seu
caráter, ou seja, de seus valores e esta condições coloca o ser
humano no conceito pleno de valores absolutos, morais e éticos.Através
dos conceitos aqui colocados relativos à cultura, liberdade, ao
espírito, a relação imagem de Deus, e o valores absolutos onde
colocamos (verdade, bondade, justiça, sabedoria, amor). O ser humano
só pode ser considerado um ser humano verdadeiro, quando permite que
essas condições de valores façam parte do se cotidiano,
principalmente no que diz respeito ao amor ao próximo e se colocar
sempre no lugar do outro quando da tomada de uma decisão.
Porém
muito nos entristece quando vemos o homem dominado pelas mazelas do
mundo contemporâneo onde só o revanchismo e a intolerância toma
conta do mundo em que vivemos, não tendo olhos para as belezas dos
conceitos aqui colocados.
Penso
que só a verdade pode conduzir o homem para a certeza de algo
concreto, nas várias modalidades. Pode se concluir que existem
vários conceitos sobre a verdade, onde cada um tem sua razão de
veracidade no contexto analisado, particularmente penso que a que
mais se aproxima da realidade em que vivo.
Vivemos,
em uma sociedade onde percebemos que é muito difícil o retrato fiel
da verdade porque o bombardeio diário ocorre através da mídia,
seja escrita, falada ou televisiva e consequentemente faz com que as
pessoas acreditem que estão recebendo informações verdadeiras e
confiáveis e muitas vezes de caráter intolerante ligados a política,
a filosofia, as artes, a religião etc.. “Bastaria que durante uma
semana, lesse de manhã quatro jornais diferentes, ouvisse três
noticiários de rádio diferentes; a tarde frequentasse duas escolas
diferentes, onde os mesmos cursos estariam sendo ministrados; e a
noite visse os noticiários de quatro canais deferentes de televisão,
para que comparando todas as informações recebidas, descobrissem
que elas “não batem” uma com as outras, que há vários “mundos”
e várias “sociedades” diferentes, dependendo da fonte de
informação”.
Autor:
Wagner Passos, Filosofo e pós graduado em Pedagogia Empresarial.
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