sábado, 12 de agosto de 2017

INTOLERÂNCIA OU ASSÉDIO MIDIÁTICO?

Observa-se em todos segmentos da sociedade a chamada intolerância, tão criticada pelos homens e mulheres de bem, hoje o ser humano após tantos anos de defesa do respeito a diversidade vemos as pessoas guerreando entre si em cima de pré conceitos infundados da intolerância na sua forma mais irrestrita possível.
Defende-se a liberdade do outro mas ao mesmo tempo critica-se este mesmo outro por pertencer a outra classe social, politica, religiosa ou econômica, como isto não se bastasse além de criticas diretas ou indiretas ocorre a agressão verbal e em muitos casos a agressão física.
Os estádios de futebol são verdadeiros palcos deste tipo de agressão, mas não para por ai, vemos este mesmo tipo de reação nos espaços públicos nas ruas nas cidades e em todos cantos deste imenso planeta chamado Terra. O que fazer para frearmos esta escalada de intolerâncias. Os religiosos dirão que estas atitudes é a falta de deus no coração, os políticos dirão que é a situação econômica de alguns países que levam a estas atitudes, os filósofos dirão que é o reflexo de uma sociedade doente, enfim cada um dará uma versão mais apropriada as suas avaliações.
[…] Nem todo preconceito gera uma discriminação. Mas toda discriminação parte de um preconceito. É necessário que estudemos os nossos preconceitos a fim de que eles não se transformem em discriminação. Pois, tudo o que o inferno significa está contido na palavra “discriminação” porque dela flui: a xenofobia, homofobia e todas as outras palavras usadas para conceituar o comportamento do indivíduo que não aceita as diferenças. Não aceita ao ponto de odiar aqueles a quem ele julga “diferentes”. (Portal Raízes, 11/08/17, www.contacts.google.com).
Como dizia Sartre: “o inferno são os outros” e, nós somos o inferno dos outros. Só quem vive feliz é “Robinson Crusoé até que sexta-feira chegue à sua ilha” ou alguém que vive numa praia deserta até que a sexta-feira chegue à sua praia. Viver em sociedade é uma negociação permanente e essa negociação é difícil e exaustiva, árdua em todos os sentidos. Mas como conciliar tudo isto já que vivemos numa sociedade de diferentes?. Penso que é cada vez mais o exercício da tolerância da compreensão, do respeito mútuo e do entendimento das opiniões do outro. Mas não da tolerância cantada em prosas e versos dos livros de auto-ajuda, e de tantos outros que tratam do assunto, esta característica tem que nascer no sentido do “puro dever” citado por Emanuel Kant, só e somente pelo puro dever entenderemos o amplo sentido da ética da moral e do respeito mutuo, para através destas virtudes termos a real oportunidade de sermos dignos da felicidade.
[...] Grande parte do que nós possuímos e que fazemos desde criança não é fruto da naturcía, mas sim da cultura. Essa é a característica mais destacável, aquela que mais distingue o homem dos animais e das plantas (MONDIM). É pelo processo cultural que o homem se aproxima uns dos outros, que muda essencialmente o mundo que o cerca, ora transformando em um mundo melhor, ora transformando em um mundo pior, mais sempre com a intenção de muda-lo para uma sociedade mais feliz. “Sem cultura não é possível existir nem a pessoa individualmente, nem o grupo social”.
Através da relação do homem em busca da Liberdade sabemos que o homem nasce livre e através da condição deste com a sociedade vai se comprometendo com o mundo e obrigatoriamente se afastando da condição de liberdade sendo determinado pelo aspectos da sociedade em que vive o que fica é a liberdade do intelecto, do conhecimento e da vontade.
[...] Na liberdade confluem as melhores energias do homem, que são o conhecimento e a vontade. O ato livre não é um ato cego, instintivo, mas é um ato de vontade iluminada pela razão. “Como disse São Tomás: o ato livre requer duas condições; o consilium ou o judicium que cabe ao intelecto e a electio, escolha, que pertence a verdade.(MONDIN).
Outra condição explorada refere-se a condição do espírito, esta condição é a que difere o homem dos demais animas e do reino vegetal esta é a condição que faz do homem aquele que tem a capacidade de interferir e mudar o que esta a sua volta nesse aspecto.
[…] Da espiritualidade do ser profundo do homem a que costumamos dar o nome de anima, existem muitos indícios: a autoconsciência, a reflexão, contemplação, o colóquio, a adoração, a auto transcendência etc.. (MONDIN) para o autor o espírito só espírito se é livre.
Radhacrishnan, máximo filósofo indiano do século XX, escreveu:
O verdadeiro humanismo nos ensina que existe no homem alguma coisa de maior do que aquilo que aparece à sua consciência ordinária, algo que gera ideias e pensamentos, uma presença espiritual mais sutil, que o torna insatisfeito de suas conquistas puramente terrenas (apud MONDIN).
A imagem de Deus “ O Homem é teomorfo” esses ensinamentos partem dos Padres da Igreja Escolástica seguindo as ideia de Platão e levada para Igreja Cristã através de Boaventura e São Tomás, onde trás que o homem é a imagem e semelhança de Deus definindo que o homem é um projeto uma obra acabada, sendo a maior obra de arte onde não encontra semelhança nos animais, nas plantas e nem mesmo nos astros.
O modelo, sobre o qual o homem deve decalcar o desenho da sua própria personalidade, não pode encontrá-lo nas criaturas inferiores: nem nas plantas, nem nos animais, nem nos astros. Nem mesmo no melhor dos outros homens, porque por mais que possa ser bom, inteligente, sábio, forte, santo, os homens são sempre dotados de uma humanidade imperfeita. De resto, a humanidade primitiva não pode avaliar-se pela exemplaridade de nenhum outro ser humano. O único modelo adequado à inspiração de infinitude do homem, encontra-se inscrito na própria espiritualidade.
A partir deste prisma o homem é visto através da sua dignidade de seu caráter, ou seja, de seus valores e esta condições coloca o ser humano no conceito pleno de valores absolutos, morais e éticos.Através dos conceitos aqui colocados relativos à cultura, liberdade, ao espírito, a relação imagem de Deus, e o valores absolutos onde colocamos (verdade, bondade, justiça, sabedoria, amor). O ser humano só pode ser considerado um ser humano verdadeiro, quando permite que essas condições de valores façam parte do se cotidiano, principalmente no que diz respeito ao amor ao próximo e se colocar sempre no lugar do outro quando da tomada de uma decisão.
Porém muito nos entristece quando vemos o homem dominado pelas mazelas do mundo contemporâneo onde só o revanchismo e a intolerância toma conta do mundo em que vivemos, não tendo olhos para as belezas dos conceitos aqui colocados.
Penso que só a verdade pode conduzir o homem para a certeza de algo concreto, nas várias modalidades. Pode se concluir que existem vários conceitos sobre a verdade, onde cada um tem sua razão de veracidade no contexto analisado, particularmente penso que a que mais se aproxima da realidade em que vivo.
Vivemos, em uma sociedade onde percebemos que é muito difícil o retrato fiel da verdade porque o bombardeio diário ocorre através da mídia, seja escrita, falada ou televisiva e consequentemente faz com que as pessoas acreditem que estão recebendo informações verdadeiras e confiáveis e muitas vezes de caráter intolerante ligados a política, a filosofia, as artes, a religião etc.. “Bastaria que durante uma semana, lesse de manhã quatro jornais diferentes, ouvisse três noticiários de rádio diferentes; a tarde frequentasse duas escolas diferentes, onde os mesmos cursos estariam sendo ministrados; e a noite visse os noticiários de quatro canais deferentes de televisão, para que comparando todas as informações recebidas, descobrissem que elas “não batem” uma com as outras, que há vários “mundos” e várias “sociedades” diferentes, dependendo da fonte de informação”.



Autor: Wagner Passos, Filosofo e pós graduado em Pedagogia Empresarial.

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