sexta-feira, 21 de novembro de 2014


A IMPORTÂNCIA EDUCACIONAL NAS EMPRESAS BRASILEIRAS

Autor: Wagner Passos

Este artigo tem o intuito de demonstrar a importância da conscientização do empresário brasileiro, no sentido de que se comprometa com a mudança educacional de seus colaboradores. Sendo assim, ele deve buscar novas práticas educacionais e empresariais que valorizem os relacionamentos entre empregador e empregado e compartilhem de ideias, reflexões críticas, práticas sociais e ações políticas dos funcionários no meio social em que vivem. Vale ressaltar que para Freire (1994), o homem tem vocação ontológica de ser um sujeito que age sobre o mundo e o transforma, por isso, todo ser humano é capaz de olhar criticamente o mundo num encontro dialógico com outros, mas, para isso, é necessário que a educação atue ao encontro desses pressupostos. Conforme pesquisa realizada pela Confederação Nacional das Indústrias no ano de 2013 (CNI), os problemas ocasionados pela deficiência da mão de obra geram enormes dificuldades para vários setores da economia, a saber:

[...] “Encontrar mão de obra qualificada tem sido um problema para as empresas brasileiras nos últimos anos, de acordo com pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta segunda-feira. O levantamento, que ouviu 1.761 empresas entre 1º e 11 de abril, mostra que 65% das empresas dos segmentos extrativos e de transformação apontaram a falta de trabalhador qualificado como um problema. Segundo a pesquisa Sondagem Especial - Falta de Trabalhador Qualificado na Indústria, da CNI, o problema é ainda maior para as empresas de grande e médio porte. Na comparação com a edição anterior da pesquisa, feita em 2011, o percentual de empresas de grande porte que relataram dificuldade em encontrar trabalhadores qualificados passou de 66% para 68%.” CNI (2013)

[...] “Entre as de médio porte, o índice se manteve em 66%, enquanto para as de pequeno porte, o percentual de entrevistados com problemas para contratar mão de obra qualificada ficou em 61%, ante 68% do último levantamento.” Idem (2013).

[...] “Conforme o levantamento, a dificuldade em encontrar candidatos com capacitação atinge todas as áreas das empresas, dos postos da base aos de nível gerencial. Para preencher cargos de operadores, 90% das empresas ouvidas admitiram enfrentar dificuldade, e para os de técnicos, o relato foi igual em 80% das empresas. As duas áreas juntas correspondem por aproximadamente 70% dos contratados na indústria”.

De acordo com a pesquisa, 68% das empresas afirmaram ter dificuldade para encontrar profissionais preparados na área administrativa, 67% informaram déficit de contratação de engenheiros, 61% de profissionais de venda e marketing, 60% para postos gerenciais e 59% para trabalhadores na área de pesquisa e desenvolvimento.

Para superar a escassez de mão de obra qualificada, segundo a CNI, as empresas têm investido na capacitação dos próprios funcionários. De acordo com o levantamento, 81% das empresas informaram que desenvolvem programas de treinamento, 43% investem na política de retenção do trabalhador, com oferta de bons salários e benefícios, e 38% promovem capacitações fora das empresas.

Algumas empresas (24%) adotam a estratégia de substituir a mão de obra humana por máquinas. Essa solução é usada por 26% entre as de pequeno porte, 24% entre as médias e 21% entre as grandes” CNI (2013).

Essa pesquisa enfoca que as empresas brasileiras em vários segmentos podem ser ineficientes e onerosas no quesito produtividade devido à falta de mão de obra qualificada. Para atingir os objetivos produtivos e qualificar seus funcionários as empresas nacionais devem buscar através de modelos educacionais consolidados em empresas de renome tais como: “Amil, Unimed, Banco do Brasil” (RICARDO, 2007, p. 9).

Essas empresas colocaram em seus modelos de gestão as denominadas Universidades Corporativas UCs, onde desenvolvem programas de educação corporativa que tem como objetivo “conceber programas de educação continuada e gerir o desenvolvimento de competências dos colaboradores da empresa, estendendo suas ações a clientes, fornecedores e comunidade”. (idem, 2007, p. 9).

O caminho a ser percorrido para que se consiga treinar e desenvolver profissionais deve estar embasado na pedagogia empresarial, para que assim, com uma base pedagógica se alcance o objetivo de melhorar as competências dos profissionais, sanar as deficiências de mão de obra qualificada, atender a demanda mercadológica e finalmente conseguir transmitir aos seus funcionários métodos com que ele desenvolva um olhar critico sobre os eventos que o cercam.

O mau desempenho na educação formal pode ser uma das causas pelo qual, o Brasil não consegue manter um nível de mão de obra qualificada que supra as necessidades mercadológicas, o que interfere de forma negativa na questão da competitividade das empresas brasileiras, mostrando que o país pode perder sua competitividade no mercado mundial.

[...] “É fundamental a interlocução com o empresariado brasileiro para termos uma mudança significativa na maneira como a educação é tratada, deixando de ser uma área de preocupação exclusiva de educadores para ser uma área importante para o setor produtivo. Esse evento faz parte de uma tomada de consciência e de um movimento de esclarecimento de um setor econômico de peso no Brasil e dá origem a uma série de outros movimentos. É um marco que o problema da educação tenha entrado na agenda estratégica do Brasil e que só sairá quando estiver resolvido.” IOSCHPE (2008).

Segundo Peter Drucker (1999, P. 198). [...] “Tradicionalmente a escola tem sido o lugar onde se aprende; e o emprego o lugar onde se trabalha. Porém essa linha irá se tornar cada vez mais indistinta. A escola será, cada vez mais, o lugar onde adulto continuam a aprender, mesmo que trabalhem em tempo integral. Eles voltarão à escola para um seminário de três dias, para um curso de fim de semana, para um programa intensivo de três semanas ou para frequentar cursos duas noites por semana, durante vários anos, até obter seu diploma”.

Na busca de novas alternativas de mudança de paradigmas os educadores devem procurar meios de se adaptar aos novos métodos de ensino, educando seus alunos para busca do sucesso empresarial e pessoal. Na entrevista abaixo fica claro as dificuldades apresentadas pelo mau desempenho que a educação formal tem provocado no mercado de trabalho, foi realizada no dia 18 de novembro de 2011 em Brasília onde o Sr.Gustavo Ioschpe presidente da G7 Investimentos concedeu à “Enfato” Comunicação Empresarial com exclusividade ao site da MBC “Movimento Brasil Competitivo”.

[...] “Equipe Editorial: De que forma o mau desempenho na educação tem interferido na competitividade do Brasil?”.

[...] “Interfere decisivamente porque estamos em um cenário mundial onde as economias são cada vez mais abertas e a diferenciação de competitividade se dá em termos de produção de bens e serviços de alto valor agregado, que são profundamente dependentes do capital humano. O Brasil, nos último 20 ou 30 anos, teve momentos de inércia e estagnação enquanto nos outros países do mundo, principalmente nos mais desenvolvidos, houve um movimento muito agressivo de qualificação das pessoas. Eles entenderam que a capacitação das pessoas é fundamental para a competitividade das empresas e dos países. Não vivemos mais em um sistema em que o importante é o investimento em capital físico. A questão da produtividade do país está profundamente associada com a questão do ensino e a carência educacional brasileira já se reflete na produtividade baixa do nosso trabalhador em relação aos de países mais desenvolvidos. Hoje, você precisa de 4,5 trabalhadores brasileiros para produzir o mesmo que um americano ou francês. Isso faz com que as empresas nacionais não consigam competir em igualdade com as empresas estrangeiras. Muito se falam de Custo Brasil, impostos, infraestrutura e câmbio, que são muito importantes, mas, no momento em que essas questões, que são relativamente mais simples, forem resolvidas, o Brasil não vai se tornar um país desenvolvido porque ele tem uma grande defasagem de pessoas”. IOSCHPE (2008).

Os profissionais voltados para Pedagogia Empresarial devem investir para que o processo de gestão focado no valor humano prevaleça, nesse sentido devem estabelecer em seus projetos de treinamento o desenvolvimento humano e consequentemente organizacional Nesse sentido, para que “as empresas ajudem na construção de uma sociedade competitiva os modelos de gestão devem valorizar seus talentos humanos e vejam esses talentos como sendo seu principal investimento”. (KNAPIK, 2001).

Em consonância com a mudança paradigmática que o mercado mundial nos impõe com a questão da produtividade e do tecnicismo é necessário pensar que o principal recurso econômico, de acordo com essa pesquisa, é o conhecimento que qualifica e instruí o homem. O trabalhador do conhecimento não será necessariamente aquele que opera um computador ou algum equipamento sofisticado, mas aquele que transforma os dados processados em beneficio para o cliente ou para a sociedade, sobretudo o trabalhador que alem de conhecer e operar uma tecnologia tenha comunicação e conscientização do conhecimento. Nesse sentido a tecnologia será apenas uma ferramenta à disposição do homem e não mais o elemento condicionador da atividade humana, no entanto, os processos educacionais como forma de assimilar conhecimentos específicos nas áreas profissionais e tecnológica se faz necessário à medida que o mercado de trabalho exige maior capacitação profissional. Com relação às inovações tecnológicas e criatividade profissional o sujeito só evolui e inova quando seus conhecimentos permitem que assim ele o faça. [...] “sem sujeitos inovadores, não há inovação e, nesse aspecto, a dimensão humana é o principal processo inovador; sujeitos inovadores são criativos, portanto a criatividade é condição para inovação; a criatividade é em boa parte, resultado de processos educativos que ocorrem no âmbito da família, a escola e no ambiente de trabalho” (SCHLEMM, 2006, p.39).

Para (DRUCKER, 1999, p. 191) [...] “O primeiro impacto da nova tecnologia de aprendizado será sobre a educação universal. Através dos tempos as escolas, em sua maioria, gastaram tempos intermináveis tentando ensinar coisas que eram mais bem aprendidas do que ensinadas, isto e, coisas que são aprendidas de forma comportamental e por meio de exercícios, repetição e ‘feedback’’. Pertencem a essa categoria todas as matérias ensinadas no primeiro grau, mas também muitas daquelas ensinadas em estágios posteriores do processo educacional. Elas podem ser mais bem aprendidas por meio de programas de computadores. O professor motiva, dirige, incentiva. Na verdade, ele passa a ser um líder e um recurso”.

Olhando a situação pelo ângulo educacional concluo que o caminho a ser perseguido é a introdução de modelos educacionais que possam mudar o quadro visto nas pesquisas apresentadas, os caminhos apontados pelos educadores mostram que o trabalho educacional deve estar focado no homem, para que ele busque nesse contexto o conhecimento necessário a sua evolução não só como ser humano, mas também com um ser que interage com o universo que o cerca.

A educação baseada nos pressupostos do educador Paulo Freire, que se relaciona com a transformação do sujeito, pode contribuir no sentido de resgatar sua criticidade, uma vez que foi enfraquecida pelas ações das competições mercadológicas. Vale ressaltar que o homem, para Freire (1987), tem uma vocação ontológica de ser sujeito que age sobre o mundo e o transforma, mas, para isso, precisa de instrumentos adequados que o torne consciente de sua própria percepção da realidade para lidar criticamente com ela.

Ainda segundo o autor, um sujeito ativo e responsável é um sujeito de práxis, de ação e reflexão sobre seu mundo, que não pode ser compreendido fora de suas relações dialéticas, alguém que é sujeito e não objeto. Nesta critica fica a concepção da não validade de um processo educativo, onde o “Empresariado” não tem o objetivo de permitir ao cidadão o acesso a uma educação cognoscível, o “Funcionário” entra num estágio de alienação, o que Freire chama de anestesia, pois inibe o poder criador do “funcionário” (FREIRE, 1987).


Conforme Chiavenato (2008), a cultura organizacional consiste em padrões explícitos e implícitos de comportamentos adquiridos e transmitidos ao longo do tempo que constituem uma característica própria de cada empresa, nesse sentido, na busca de novas alternativas de mudança de paradigmas, as empresas devem procurar meios de se adaptar aos novos métodos de produção, educando e treinando seus colaboradores, para dessa forma alcançar o sucesso empresarial, e as mudanças culturais através de uma educação libertadora. Neste sentido terá em mãos a ferramenta mais importante que é o ser humano educado, capaz de criar conceitos para alçar voos cada vez mais altos.

“Ainda segundo o autor, por meio da sua cultura a empresa impõe aos seus colaboradores expectativas e normas, condicionando-os dentro do limite, dos padrões, crenças, valores, costumes e pratica social da organização”. Idem (2008).

É interessante que as empresas busquem formas que levem a aplicabilidade de novos conceitos educacionais tais como as universidades corporativas.

[...] “A cada dia as empresas investem mais na aprendizagem organizacional e inserem em suas estruturas para realização dos programas de educação corporativa as denominadas universidades corporativas (UC). Embora no Brasil tenhamos percebido a expansão das UCs, em muitos países esta já é uma realidade” (RICARDO, 2007, p.8) esses processos podem levar o educando do futuro às práticas empresariais focadas no mundo corporativo, como empresas que praticam estes modelos em seu programa de treinamento podemos citar as [...] “As empresas estrangeiras localizadas no Brasil investem em educação corporativa, cases de sucesso como McDonald’s, Motorola e Fiat são enriquecedores, mais é importante destacar que diversas empresas brasileiras já desenvolvem atividades de educação corporativa, tais como Amil, Unimed, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Cia Vale do Rido Doce, Eletronorte, Petrobras, Rede Globo de Televisão, Telemar, Embratel, entre outras tantas” (idem, pág. 9).

(JUNQUEIRA, TAVARES, 2009) [...] “As novas exigências causam insegurança ao profissional que se vê obrigado a apresentar resultados positivos, sem que sua condição de trabalho e remuneração seja compensada. Por causa da precarização do trabalho docente nas escolas públicas, mais e mais pedagogos vem procurando as organizações para oferecer seus serviços. As empresas vêm adotando uma preparação interna de seus funcionários para ocupar determinadas funções de liderança dentro das organizações e para isso os treinamentos se fundamenta em conceitos como o empirismo e o tecnicismo, a junção desses dois conceitos tanto o saber fazer como a experiência em fazer deve ser potenciada”.

Este artigo teve como objetivo principal enfocar as formas que levam a aplicabilidade de novos conceitos educacionais aos ambientes corporativos a fim de que através desses processos possam levar o educando do futuro às práticas empresarias que garantam maior competitividade.

Mostrar a importância educacional no âmbito empresarial e demonstrar como educadores renomados podem contribuir de maneira muito proveitosa com suas experiências educacionais no campo da pedagogia empresarial.

Teve como objetivo a defesa de modelos educacionais que aplicam o aperfeiçoamento dos modelos atuais, pois parte do princípio de que as empresas de pequeno e médio porte, principalmente no Brasil sofrem com a baixa produtividade e consequentemente com a perda de mercado.

O primeiro passo, para atender as necessidades de produção que atenda a demanda cada vez maior e com maior grau de qualidade exige a capacitação efetiva de seu grupo de profissionais, neste sentido temos que ter a responsabilidade para buscarmos métodos educativos que forneçam a capacitação necessária.

Evidencia-se ao longo dos últimos anos o quão fragmentado é a capacitação profissional das pessoas que desenvolvem trabalhos em empresas de pequeno e médio porte, o acesso à informação é caro e distante, por esse motivo a empresas tem a responsabilidade de reverter esse quadro através de práticas educativas eficazes.

Referências Bibliográficas;

RICARDO, E. J. Gestão da educação corporativa. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. (Biblioteca Pearson).

KNAPIK, Janete. Gestão de Pessoas e Talentos, 3ª Ed. Curitiba, Ibepx, 2011.

CHIAVENATO, Idalberto. Os Novos Paradigmas: como as mudanças estão mexendo com as empresa, 5ª ed., Barueri, SP, Ed. Manoele, 2008.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1987.

JUNQUEIRA, Eliana Vieira, TAVARES, Helenice Maria, Pedagogia Empresarial: Uma Função Técnica ou Ideológica? Disponível em: < http://www.catolicaonline.com.br>
Acesso em 07 de abril de 2013

IOSCHPE, Gustavo. “A capacitação das pessoas é fundamental para a competitividade das empresas e dos países” Disponível em http://www.mbc.org.br . Acesso em 11de abril de 2013

DRUCKER, Peter. Sociedade pós-capitalista, São Paulo: Publifolha, 1999.

CNI, 2013 > Disponível em <http://www.economia.terra.com.br >, Falta de Mão de Obra qualificada afeta 65% das empresas, CNI, 2013 . Acesso em 28 de Outubro de 2013.

SCHLEMM, Marcos Mueller. Inovação em Ambientes Organizacionais, teorias, reflexões e prática, Editora Ibpex, Curitiba – PR, 2006.

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