A
IMPORTÂNCIA EDUCACIONAL NAS EMPRESAS BRASILEIRAS
Autor: Wagner Passos
Autor: Wagner Passos
Este
artigo tem o intuito de demonstrar a importância da conscientização
do empresário brasileiro, no sentido de que se comprometa com a
mudança educacional de seus colaboradores. Sendo assim, ele deve
buscar novas práticas educacionais e empresariais que valorizem os
relacionamentos entre empregador e empregado e compartilhem de ideias, reflexões críticas, práticas sociais e ações políticas
dos funcionários no meio social em que vivem. Vale ressaltar que
para Freire (1994), o homem tem vocação ontológica de ser um
sujeito que age sobre o mundo e o transforma, por isso, todo ser
humano é capaz de olhar criticamente o mundo num encontro dialógico
com outros, mas, para isso, é necessário que a educação atue ao
encontro desses pressupostos. Conforme pesquisa realizada pela
Confederação Nacional das Indústrias no ano de 2013 (CNI), os
problemas ocasionados pela deficiência da mão de obra geram enormes
dificuldades para vários setores da economia, a saber:
[...] “Encontrar
mão de obra qualificada tem sido um problema para as empresas
brasileiras nos últimos anos, de acordo com pesquisa da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), divulgada nesta segunda-feira. O
levantamento, que ouviu 1.761 empresas entre 1º e 11 de abril,
mostra que 65% das empresas dos segmentos extrativos e de
transformação apontaram a falta de trabalhador qualificado como um
problema. Segundo a pesquisa Sondagem Especial - Falta de Trabalhador
Qualificado na Indústria, da CNI, o problema é ainda maior para as
empresas de grande e médio porte. Na comparação com a edição
anterior da pesquisa, feita em 2011, o percentual de empresas de
grande porte que relataram dificuldade em encontrar trabalhadores
qualificados passou de 66% para 68%.” CNI (2013)
[...]
“Entre as de médio porte, o índice se manteve em 66%, enquanto
para as de pequeno porte, o percentual de entrevistados com problemas
para contratar mão de obra qualificada ficou em 61%, ante 68% do
último levantamento.”
Idem (2013).
[...] “Conforme o
levantamento, a dificuldade em encontrar candidatos com capacitação
atinge todas as áreas das empresas, dos postos da base aos de nível
gerencial. Para preencher cargos de operadores, 90% das empresas
ouvidas admitiram enfrentar dificuldade, e para os de técnicos, o
relato foi igual em 80% das empresas. As duas áreas juntas
correspondem por aproximadamente 70% dos contratados na indústria”.
De acordo com a pesquisa, 68%
das empresas afirmaram ter dificuldade para encontrar profissionais
preparados na área administrativa, 67% informaram déficit de
contratação de engenheiros, 61% de profissionais de venda e
marketing, 60% para postos gerenciais e 59% para trabalhadores na
área de pesquisa e desenvolvimento.
Para superar a escassez de mão
de obra qualificada, segundo a CNI, as empresas têm investido na
capacitação dos próprios funcionários. De acordo com o
levantamento, 81% das empresas informaram que desenvolvem programas
de treinamento, 43% investem na política de retenção do
trabalhador, com oferta de bons salários e benefícios, e 38%
promovem capacitações fora das empresas.
Algumas empresas (24%) adotam a
estratégia de substituir a mão de obra humana por máquinas. Essa
solução é usada por 26% entre as de pequeno porte, 24% entre as
médias e 21% entre as grandes” CNI
(2013).
Essa pesquisa enfoca que as empresas brasileiras em vários segmentos
podem ser ineficientes e onerosas no quesito produtividade devido à
falta de mão de obra qualificada. Para atingir os objetivos
produtivos e qualificar seus funcionários as empresas nacionais
devem buscar através de modelos educacionais consolidados em
empresas de renome tais como: “Amil, Unimed, Banco do Brasil”
(RICARDO, 2007, p. 9).
Essas empresas colocaram em seus modelos de gestão as denominadas
Universidades Corporativas UCs, onde desenvolvem programas de
educação corporativa que tem como objetivo “conceber programas de
educação continuada e gerir o desenvolvimento de competências dos
colaboradores da empresa, estendendo suas ações a clientes,
fornecedores e comunidade”. (idem, 2007, p. 9).
O caminho a ser percorrido para que
se consiga treinar e desenvolver profissionais deve estar embasado na
pedagogia empresarial, para que assim, com uma base pedagógica se
alcance o objetivo de melhorar as competências dos profissionais,
sanar as deficiências de mão de obra qualificada, atender a demanda
mercadológica e finalmente conseguir transmitir aos seus
funcionários métodos com que ele desenvolva um olhar critico
sobre os eventos que o cercam.
O mau desempenho na educação formal pode ser uma das causas pelo
qual, o Brasil não consegue manter um nível de mão de obra
qualificada que supra as necessidades mercadológicas, o que
interfere de forma negativa na questão da competitividade das
empresas brasileiras, mostrando que o país pode perder sua
competitividade no mercado mundial.
[...] “É fundamental a
interlocução com o empresariado brasileiro para termos uma mudança
significativa na maneira como a educação é tratada, deixando de
ser uma área de preocupação exclusiva de educadores para ser uma
área importante para o setor produtivo. Esse evento faz parte de uma
tomada de consciência e de um movimento de esclarecimento de um
setor econômico de peso no Brasil e dá origem a uma série de
outros movimentos. É um marco que o problema da educação tenha
entrado na agenda estratégica do Brasil e que só sairá quando
estiver resolvido.”
IOSCHPE (2008).
Segundo Peter Drucker (1999, P. 198). [...] “Tradicionalmente a
escola tem sido o lugar onde se aprende; e o emprego o lugar onde se
trabalha. Porém essa linha irá se tornar cada vez mais indistinta.
A escola será, cada vez mais, o lugar onde adulto continuam a
aprender, mesmo que trabalhem em tempo integral. Eles voltarão à
escola para um seminário de três dias, para um curso de fim de
semana, para um programa intensivo de três semanas ou para
frequentar cursos duas noites por semana, durante vários anos, até
obter seu diploma”.
Na busca de novas alternativas de mudança de paradigmas os
educadores devem procurar meios de se adaptar aos novos métodos de
ensino, educando seus alunos para busca do sucesso empresarial e
pessoal. Na entrevista abaixo fica claro as dificuldades apresentadas
pelo mau desempenho que a educação formal tem provocado no mercado
de trabalho, foi realizada no dia 18 de novembro de 2011 em Brasília
onde o Sr.Gustavo Ioschpe presidente da G7 Investimentos concedeu à
“Enfato” Comunicação Empresarial com exclusividade ao site da
MBC “Movimento Brasil Competitivo”.
[...]
“Equipe Editorial: De que forma o mau desempenho na educação tem
interferido na competitividade do Brasil?”.
[...]
“Interfere decisivamente porque estamos em um cenário mundial onde
as economias são cada vez mais abertas e a diferenciação de
competitividade se dá em termos de produção de bens e serviços de
alto valor agregado, que são profundamente dependentes do capital
humano. O Brasil, nos último 20 ou 30 anos, teve momentos de inércia
e estagnação enquanto nos outros países do mundo, principalmente
nos mais desenvolvidos, houve um movimento muito agressivo de
qualificação das pessoas. Eles entenderam que a capacitação das
pessoas é fundamental para a competitividade das empresas e dos
países. Não vivemos mais em um sistema em que o importante é o
investimento em capital físico. A questão da produtividade do país
está profundamente associada com a questão do ensino e a carência
educacional brasileira já se reflete na produtividade baixa do nosso
trabalhador em relação aos de países mais desenvolvidos. Hoje,
você precisa de 4,5 trabalhadores brasileiros para produzir o mesmo
que um americano ou francês. Isso faz com que as empresas nacionais
não consigam competir em igualdade com as empresas estrangeiras.
Muito se falam de Custo Brasil, impostos, infraestrutura e câmbio,
que são muito importantes, mas, no momento em que essas questões,
que são relativamente mais simples, forem resolvidas, o Brasil não
vai se tornar um país desenvolvido porque ele tem uma grande
defasagem de pessoas”. IOSCHPE
(2008).
Os
profissionais voltados para Pedagogia Empresarial devem
investir para que o processo de gestão focado no valor humano
prevaleça, nesse sentido devem estabelecer em seus projetos de
treinamento o desenvolvimento humano e consequentemente
organizacional Nesse sentido, para que “as empresas ajudem na
construção de uma sociedade competitiva os modelos de gestão devem
valorizar seus talentos humanos e vejam esses talentos como sendo seu
principal investimento”. (KNAPIK, 2001).
Em consonância com a mudança paradigmática que o mercado mundial
nos impõe com a questão da produtividade e do tecnicismo é
necessário pensar que o principal recurso econômico, de acordo com
essa pesquisa, é o conhecimento que qualifica e instruí o homem. O
trabalhador do conhecimento não será necessariamente aquele que
opera um computador ou algum equipamento sofisticado, mas aquele que
transforma os dados processados em beneficio para o cliente ou para a
sociedade, sobretudo o trabalhador que alem de conhecer e operar uma
tecnologia tenha comunicação e conscientização do conhecimento.
Nesse sentido a tecnologia será apenas uma ferramenta à disposição
do homem e não mais o elemento condicionador da atividade humana, no
entanto, os processos educacionais como forma de assimilar
conhecimentos específicos nas áreas profissionais e tecnológica se
faz necessário à medida que o mercado de trabalho exige maior
capacitação profissional. Com relação às inovações
tecnológicas e criatividade profissional o sujeito só evolui e
inova quando seus conhecimentos permitem que assim ele o faça. [...]
“sem sujeitos inovadores, não há inovação e, nesse aspecto, a
dimensão humana é o principal processo inovador; sujeitos
inovadores são criativos, portanto a criatividade é condição para
inovação; a criatividade é em boa parte, resultado de processos
educativos que ocorrem no âmbito da família, a escola e no ambiente
de trabalho” (SCHLEMM, 2006, p.39).
Para (DRUCKER, 1999, p. 191) [...] “O primeiro impacto
da nova tecnologia de aprendizado será sobre a educação universal.
Através dos tempos as escolas, em sua maioria, gastaram tempos
intermináveis tentando ensinar coisas que eram mais bem aprendidas
do que ensinadas, isto e, coisas que são aprendidas de forma
comportamental e por meio de exercícios, repetição e ‘feedback’’.
Pertencem a essa categoria todas as matérias ensinadas no primeiro
grau, mas também muitas daquelas ensinadas em estágios posteriores
do processo educacional. Elas podem ser mais bem aprendidas por meio
de programas de computadores. O professor motiva, dirige, incentiva.
Na verdade, ele passa a ser um líder e um recurso”.
Olhando a situação pelo ângulo educacional concluo que o caminho
a ser perseguido é a introdução de modelos educacionais que possam
mudar o quadro visto nas pesquisas apresentadas, os caminhos
apontados pelos educadores mostram que o trabalho educacional deve
estar focado no homem, para que ele busque nesse contexto o
conhecimento necessário a sua evolução não só como ser humano,
mas também com um ser que interage com o universo que o cerca.
A educação baseada nos pressupostos do educador Paulo Freire, que
se relaciona com a transformação do sujeito, pode contribuir no
sentido de resgatar sua criticidade, uma vez que foi enfraquecida
pelas ações das competições mercadológicas. Vale ressaltar que o
homem, para Freire (1987), tem uma vocação ontológica de ser
sujeito que age sobre o mundo e o transforma, mas, para isso, precisa
de instrumentos adequados que o torne
consciente de sua própria percepção da realidade para lidar
criticamente com ela.
Ainda segundo o autor, um sujeito ativo e responsável é um sujeito
de práxis, de ação e reflexão sobre seu mundo, que não pode ser
compreendido fora de suas relações dialéticas, alguém que é
sujeito e não objeto. Nesta critica fica a concepção da não
validade de um processo educativo, onde o “Empresariado”
não tem o objetivo de permitir ao cidadão o acesso a uma educação
cognoscível, o “Funcionário” entra num estágio de
alienação, o que Freire chama de anestesia, pois inibe o poder
criador do “funcionário” (FREIRE, 1987).
Conforme Chiavenato (2008), a
cultura organizacional consiste em padrões explícitos e implícitos
de comportamentos adquiridos e transmitidos ao longo do tempo que
constituem uma característica própria de cada empresa, nesse
sentido, na busca de novas alternativas de mudança de paradigmas, as
empresas devem procurar meios de se adaptar aos novos métodos de
produção, educando e treinando seus colaboradores, para dessa forma
alcançar o sucesso empresarial, e as mudanças culturais através de
uma educação libertadora. Neste sentido terá em mãos a ferramenta
mais importante que é o ser humano educado, capaz de criar conceitos
para alçar voos cada vez mais altos.
“Ainda segundo o autor, por meio da sua cultura a empresa impõe
aos seus colaboradores expectativas e normas, condicionando-os dentro
do limite, dos padrões, crenças, valores, costumes e pratica social
da organização”. Idem (2008).
É interessante que as empresas busquem formas que levem a
aplicabilidade de novos conceitos educacionais tais como as
universidades corporativas.
[...] “A cada dia as empresas investem mais na aprendizagem
organizacional e inserem em suas estruturas para realização dos
programas de educação corporativa as denominadas universidades
corporativas (UC). Embora no Brasil tenhamos percebido a expansão
das UCs, em muitos países esta já é uma realidade” (RICARDO,
2007, p.8) esses processos podem levar o educando do futuro às
práticas empresariais focadas no mundo corporativo, como empresas
que praticam estes modelos em seu programa de treinamento podemos
citar as [...] “As empresas estrangeiras localizadas no Brasil
investem em educação corporativa, cases de sucesso como McDonald’s,
Motorola e Fiat são enriquecedores, mais é importante destacar que
diversas empresas brasileiras já desenvolvem atividades de educação
corporativa, tais como Amil, Unimed, Banco do Brasil, Caixa Econômica
Federal, Cia Vale do Rido Doce, Eletronorte, Petrobras, Rede Globo de
Televisão, Telemar, Embratel, entre outras tantas” (idem, pág.
9).
(JUNQUEIRA,
TAVARES, 2009) [...] “As novas exigências causam insegurança ao
profissional que se vê obrigado a apresentar resultados positivos,
sem que sua condição de trabalho e remuneração seja compensada.
Por causa da precarização do trabalho docente nas escolas públicas,
mais e mais pedagogos vem procurando as organizações para oferecer
seus serviços. As empresas vêm adotando uma preparação interna de
seus funcionários para ocupar determinadas funções de liderança
dentro das organizações e para isso os treinamentos se fundamenta
em conceitos como o empirismo e o tecnicismo, a junção desses dois
conceitos tanto o saber fazer como a experiência em fazer deve ser
potenciada”.
Este artigo teve como objetivo
principal enfocar as formas que levam a aplicabilidade de novos
conceitos educacionais aos ambientes corporativos a fim de que
através desses processos possam levar o educando do futuro às
práticas empresarias que garantam maior competitividade.
Mostrar a importância educacional no âmbito empresarial e
demonstrar como educadores renomados podem contribuir de maneira
muito proveitosa com suas experiências educacionais no campo da
pedagogia empresarial.
Teve como objetivo a defesa de modelos educacionais que aplicam o
aperfeiçoamento dos modelos atuais, pois parte do princípio de que
as empresas de pequeno e médio porte, principalmente no Brasil
sofrem com a baixa produtividade e consequentemente com a perda de
mercado.
O primeiro passo, para atender as necessidades de produção que
atenda a demanda cada vez maior e com maior grau de qualidade exige a
capacitação efetiva de seu grupo de profissionais, neste sentido
temos que ter a responsabilidade para buscarmos métodos educativos
que forneçam a capacitação necessária.
Evidencia-se ao longo dos
últimos anos o quão fragmentado é a capacitação profissional das
pessoas que desenvolvem trabalhos em empresas de pequeno e médio
porte, o acesso à informação é caro e distante, por esse motivo a
empresas tem a responsabilidade de reverter esse quadro através de
práticas educativas eficazes.
Referências Bibliográficas;
RICARDO, E. J. Gestão da educação corporativa.
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. (Biblioteca Pearson).
KNAPIK, Janete. Gestão de Pessoas e Talentos, 3ª
Ed. Curitiba, Ibepx, 2011.
CHIAVENATO, Idalberto. Os Novos Paradigmas: como
as mudanças estão mexendo com as empresa, 5ª ed., Barueri, SP, Ed.
Manoele, 2008.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª
ed. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1987.
JUNQUEIRA, Eliana
Vieira, TAVARES, Helenice Maria, Pedagogia Empresarial: Uma Função
Técnica ou Ideológica? Disponível em: <
http://www.catolicaonline.com.br>
Acesso
em 07 de abril de 2013
IOSCHPE,
Gustavo. “A capacitação das pessoas é fundamental para a
competitividade das empresas e dos países” Disponível em
http://www.mbc.org.br
. Acesso em 11de abril de 2013
DRUCKER, Peter. Sociedade pós-capitalista, São
Paulo: Publifolha, 1999.
CNI, 2013 >
Disponível em <http://www.economia.terra.com.br
>, Falta de Mão de Obra qualificada afeta 65% das empresas, CNI,
2013 . Acesso em 28 de Outubro de 2013.
SCHLEMM, Marcos
Mueller. Inovação em Ambientes Organizacionais, teorias, reflexões
e prática, Editora Ibpex, Curitiba – PR, 2006.
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