sexta-feira, 2 de janeiro de 2015



MEDITAÇÕES DE DESCARTES



Na obra de Descartes o pensador busca através de suas Meditações a o entendimento da existência de Deus.

Meditações metafísicas, ou Meditações sobre a filosofia primeira, são demonstradas a existência de Deus e a distinção entre mente e corpo

Descartes escreve Meditações, nesse período vivia na Holanda uma terra considerada de tolerância e liberdade. Era filho de um conselheiro do Parlamento Britânico, e apesar de conhecer as atividades do pai, em Meditações da Primeira a Sexta observa-se um desenvolvimento de duvidas, nesta obra Descartes afirma que tudo que tem ou passou pelos sentidos lhe é inato. Então, duvidar de tudo que tem e tudo que um homem pode ter é duvidar dos sentidos e da razão (a imaginação estaria subordinada aos sentidos). O que veio pelos sentidos, teria sua primeira morada no exterior à sua alma, o que não veio pelos sentidos e, no entanto, está em sua alma, teria vindo junto com ele ao mundo – seria um conjunto de crenças inatas.

“Descartes inicia sua obra questionando tudo o que lhe fora ensinado pelos professores, pelos livros, pelas viagens, pelo convívio com outras pessoas, e conclui que tudo que teve a oportunidade de aprender tudo que conhecia era duvidoso e incerto”

[...] “Decide, então, não aceitar nenhum desses conhecimentos, a menos que pudesse provar racionalmente que eram certos e dignos de confiança. Para isso, submete todos os conhecimentos existentes em sua época e os seus próprios a um exame crítico conhecido como dúvida metódica, declarando que só aceitará um conhecimento, uma ideia, um fato ou uma opinião se, passados pelo crivo da dúvida, revelarem-se indubitáveis para o pensamento puro.” (CUAI, pag. 115)

Da Meditação Primeira;

“Das coisas que se podem colocar em dúvida”

[...] “Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras; e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados, não podia ser senão mui duvidoso e incerto; de modo que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, "'desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos, se quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas ciências”

Nesse momento coloca em duvida a respeito dos ensinamentos que receberá em sua vida, levando a questionar os ser verdadeiros valores.

Da Meditação Segunda;

“Da Natureza do Espírito Humano; e de como ele é mais fácil de conhecer do que o corpo”.

Na Segunda Meditação Descartes fala sobre a certeza da própria existência, a certeza que prevalece sobre qualquer dúvida:

Convenci-me de que não existe Nanda no mundo, nem céu nem terra, nem mente nem corpo. Isto implica que também eu não exista? Não: se existe algo de que eu esteja realmente convencido é de minha própria existência. Mas existe um enganador de poder e astúcia supremos, que está deliberada e constantemente me confundindo. Neste caso, e mesmo que o enganador me confunda, sem dúvida eu também devo existir… a proposição "eu sou", "eu existo", deve ser necessariamente verdadeira para que eu possa expressá-la, ou para que algo confunda minha mente.

(DESCARTES, pag.136).


Da Meditação Terceira;

“ De Deus; que ele existe”.

[...]”A Meditação que fiz ontem encheu-me o espírito de tantas dúvidas, que doravante não está mais em meu alcance esquece-Ias. E, no entanto, não vejo de que maneira poderia resolvê-las; e, como se de súbito tivesse caído em águas muito profundas, estou de tal modo surpreso que não posso nem firmar meus pés no fundo, nem nadar para me manter à tona”.(DESCARTES, pag 124)

[...] Fecharei agora os olhos, tamparei meus ouvidos, desviar-me-ei de todos os meus sentidos, pagarei mesmo meu pensamento todas as imagens de coisas corporais, ou ao menos, uma vez mal se pode fazê-lo reputá-las-ei como vãs e como falsas; e assim, entretendo-me apenas comigo mesmo e considerando meu interior, empreenderei torna-me pouco á pouco a mim mesmo. (DESCARTES, pag.136).

Através da duvida e do processo meditativo vai construindo o que veio a da Meditação Terceira, onde através do cogito vai construindo as provas da existência de Deus.

[...] “Haverá algo por mais claro e mais manifesto do que pensar que há um Deus, isto, é um ser soberano e perfeito, em cuja ideia, e somente nela, a existência necessária ou eterna está incluída, por conseguinte, que existe?” (DESCARTES pg, 177).

Esse pensamento sobre a existência de Deus, construído através da razão e pelo processo da duvida, leva consequentemente a prova da existência de Deus fazendo comparações das coisas visíveis da natureza como a Geometria, os números, e o próprio ser. Reconhece como ser imperfeito e que a perfeição através de seu “cogito” é propriedade de Deus





BIBLIOGRAFIAS:



DESCARTES, Renê, Obra Escolhida, tradução de GUINSBURG e PRADO Bento Junior, 3ª Ed, 1994, Edit. Bertrand Br, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994.






CHAUI, Marilena, Convite à Filosofia, Ed. Ática, SP, 2000

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